Quinta parlamentar mais votada no Rio nas eleições de 2016 e referência para o movimento negro e feminista, a vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, foi morta a tiros na noite desta quarta 14 na rua Joaquim Palhares, no centro do Rio de Janeiro.
Ela estava junto com o motorista Anderson Pedro Gomes. Ambos foram baleados e morreram no local. De acordo com a GloboNews, fontes na polícia teriam afirmado que o crime não se trata de um assalto.
Marielle recebeu mais de 46 mil votos nas eleições de 2016. Na Câmara dos Vereadores, presidia a Comissão da Mulher. Ela também assessorou o deputado Marcelo Freixo na coordenação da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
A vereadora era crítica à intervenção federal no Rio de Janeiro. Na terça-feira 13, ela denunciou um caso de homicídio. “Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, escreveu em seu Twitter.
Em nota, o PSOL não descarta a hipótese de crime político, “ou seja, de uma execução”. “Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari.”, diz o partido.
“Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade”, afirma a nota. O partido exige ainda “apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo.”
Amanhã, às 11h, na Câmara dos Deputados, o partido realizará um ato em memória e solidariedade ao a Anderson Pedro Gomes e à vereadora.
Marielle foi entrevistada por CartaCapital após ser eleita. Criada e moradora do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, ela defendeu uma revolução “feminista, classista e com o debate da negritude”. Ela era uma apaixonada defensora da representatividade das mulheres nos espaços de decisão, “Não pode ter só homens brancos ricos, que nunca tiveram medo de saltar num ponto de ônibus escuro ou que nunca tenham sido assediados”.
Entre suas prioridades como parlamentar, Franco destacou o combate ao déficit de creches na cidade. “É uma pauta que atinge mulheres negras e da favela”. Mãe aos 17 anos, só conseguiu trabalhar e concluir os estudos porque conseguiu inscrever a filha em uma creche com ensino integral, mantida pela prefeitura à época.
Franco também defendia um olhar de gênero na questão do transporte público. “Esse é o local em que as mulheres são mais assediadas”. Ela propunha que, na madrugada, seja possível descer fora dos pontos de ônibus, a fim de encurtar o trajeto feito nas ruas nestes horários. “Espero que todas as mulheres da Câmara, não só as feministas ou do campo progressista, venham garantir essa proposta concreta”.