Após investigações, tanto do Ministério Público Federal (MPF) quanto da Caixa Econômica Federal, o presidente Michel Temer foi pressionado a afastar, na última terça-feira (16), quatro vice-presidentes da CEF por 15 dias. Por sugestão do Banco Central, foram desligados, temporariamente, Antônio Carlos Ferreira (Corporativo), Deusdina dos Reis Pereira (Fundos de Governo e Loterias), Roberto Derziê (Governo) e José Henrique Marques da Cruz (Clientes, Negócios e Transformação Digital). O atual presidente da Caixa, Gilberto Occhi, também é investigado, mas não foi afastado.
A Procuradoria da República no Distrito Federal já havia pedido a exoneração de todos os doze vice-presidentes, em dezembro do ano passado, contudo não obteve resultado.
O caso expõe os problemas da indicação política nos cargos de direção da Caixa Econômica, mesmo não sendo nenhuma novidade o mau uso das nomeações. Em 2011, por exemplo, a então presidente, Dilma Rousseff, entregou uma das cadeiras da vice-presidência da CEF a Geddel Vieira Lima, notório correligionário de Temer, que escondeu R$51 milhões em um apartamento em Salvador e foi preso pela Polícia Federal. Outro indicado por Dilma ao cargo, ainda em 2011, foi Fabio Cleto, aliado de Eduardo Cunha e que também está preso por corrupção.
Na sexta-feira (19), uma Assembleia Geral da Caixa deliberou pela aprovação de um novo estatuto, que alterou as regras para nomeação dos dirigentes, acrescentando impedimentos e regras mais rigorosas para tomar posse dos cargos. Além disso, a Assembleia Geral terá competência para eleger e destituir membros dos conselhos de Administração e Fiscal, fixar remuneração de administradores, aprovar as demonstrações contábeis, decidir sobre questões do conglomerado como função e aquisição. Antes, não existia a Assembleia e essas atribuições eram exercidas pelo Ministério da Fazenda.
Para o funcionário da CEF e diretor Representante na Federação, Rafael Couto, as mudanças devem vir no sentido de afirmar o protagonismo da Caixa no desenvolvimento social e econômico do Brasil. “A indicação política para vice-presidências da CEF, sem obedecer nenhum critério de moralidade e competência, se mostra altamente danosa ao banco. Já vimos isso anteriormente com a nomeação de Fábio Cleto e Gedel Vieira Lima, e agora esses novos casos no governo Temer. A Caixa tem que ser agente de políticas públicas e não servir políticos. Mas temos que lembrar que é de interesse do governo Temer e do mercado financeiro privado desqualificar a importância da CEF para realizar a abertura de capital do banco. Isso não podemos aceitar, por esta razão temos que manter, constantemente, a luta por uma Caixa 100% pública”, conclui.
Atualização
Após o fechamento d´O Piquete Bancário nº1451, o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal destituiu três dos quatro vice-presidentes afastados, Antônio Carlos Ferreira, Roberto Derziê de Sant’Anna, Deusdina dos Reis Pereira. O executivo José Henrique Marques da Cruz recorreu alegando que havia sido confundido e retornou ao cargo. Em matéria publicada no O Globo, na noite do dia 23, a administração do banco apontou para a substituição de toda a vice-presidência, a partir da consultoria especializada da Head Hunter, que terá 12 meses para selecionar novos executivos.