Em um cenário de crise política e econômica, as trabalhadoras, vítimas de diferenciações sociais e salariais, se encontram em condições de vida e trabalho ainda mais precária que os homens. As mulheres, que já lidam com as triplas e quádruplas jornadas de trabalho, trabalharão ainda mais com a reforma previdenciária proposta pelo governo até conseguirem se aposentar e ficarão mais vulneráveis à exploração dos patrões com a nova lei das terceirizações e retirada de direitos, como os que vedavam, por exemplo, gestantes e lactantes desempenharem atividades em locais insalubres. Paralelo a isso, no capitalismo, as mulheres são atingidas também com a violência, seja ela verbal ou física, que ocorre tanto nos espaços privados quanto públicos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, no Brasil, para cada 100 mil mulheres, há 4,8 vítimas de feminicídio – assassinato motivado por questões de gênero –, a quinta taxa mais elevada do mundo. Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, passando de 1.864 para 2.875. Sendo que 50,3% das mortes violentas de mulheres são cometidas por familiares e 33,2% por parceiros ou ex-parceiros.
Na Bahia, desde o início de janeiro a maio de 2017, foram registrados 15.751 casos de violência contra mulheres maiores de 18 anos. “Estes números podem ser ainda maiores, devido à cultura de subnotificação da violência de gênero e à falta de atendimento especializado. Apesar do grande número de casos de violência, no nosso estado, houve apenas uma condenação pela Lei do Feminicídio, instaurada há mais de dois anos. Só alcançaremos mudanças sociais com a participação ativa das mulheres e, para isso, é preciso urgentemente serem repensadas, por todos, as questões femininas na nossa sociedade”, ressalta Giovania Souto, diretora do SEEB/VCR.
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