“É uma grande perda. Wladimir atuou bastante na formação política e dedicou boa tarde de sua vida para desenvolver um pensamento militante crítico e atuante no país, contribuindo grandemente na luta dos trabalhadores”, lamentou o de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael Zanon.
Wladimir Ventura Torres Pomar nasceu em Belém do Pará, no ano de 1936, filho de Catarina Torres e Pedro Pomar, militante comunista então perseguido pela ditadura Vargas.
Em 1949, aos 13 anos, Wladimir também se tornou militante do Partido Comunista. Nos anos 1950, atuou no movimento estudantil e no movimento sindical metalúrgico. Em 1962, participou do grupo que “reorganizou” o Partido Comunista do Brasil.
Preso em 1964, por resistir ao golpe militar, Wladimir viveu na clandestinidade até 1976, sendo novamente preso no chamado Massacre da Lapa, quando perderam a vida Ângelo Arroyo, João Batista Franco Drummond e seu pai, Pedro Pomar.
Saiu da cadeia em 1979, pouco antes da Anistia. Algum tempo depois, ingressou no Partido dos Trabalhadores, integrando a partir de 1984 a sua executiva nacional, como secretário de formação política. Neste período, foi um dos coordenadores do Instituto Cajamar, participou da coordenação da campanha de Lula a deputado federal constituinte e, em 1989, foi coordenador-geral da campanha Lula presidente.
Em 1990, Wladimir encerrou seu mandato no Diretório Nacional do PT e, desde então, não voltou a ocupar nenhum cargo na estrutura partidária. Entretanto, mesmo sem cargos formais, Wladimir continuou colaborando de forma militante com o PT, por exemplo na Fundação Perseu Abramo e em atividades de formação, além de assumir algumas tarefas de inteligência na campanha presidencial de 1994.
“Exceto pelo curto período em que foi profissionalizado pelo Partido, Wladimir ganhou a vida trabalhando nas mais diversas atividades, como por exemplo a agropecuária, o artesanato, a manutenção de máquinas pesadas e locomotivas, como linotipista, repórter, redator, diretor editorial, tradutor, consultor e professor. Noutras palavras, Wladimir era um ‘revolucionário profissional’, não um político profissional”, escreveu o filho Valter Pomar. “Vale dizer, também, que Wladimir não teve formação acadêmica; muitas vezes disse que seu diploma universitário ‘fora obtido na cadeia’. Brincadeiras à parte, é provável que a ausência de vida acadêmica tenha contribuído para manter grande parte de sua obra numa espécie de semiclandestinidade, isso apesar de ter sido – entre outras coisas – um dos primeiros brasileiros a decifrar corretamente o ‘enigma chinês’.”, completou.
Fonte: Contraf, Com informações da Fundação Perseu Abramo