O pagamento da segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), creditado na madrugada desta sexta-feira (30), gerou revolta entre os empregados da Caixa em todo o país. Os que têm salários menores receberam, em média, de R$ 200 a R$ 300, quantias simbólicas diante da expectativa da categoria e dos valores pagos nos últimos anos.
O problema, porém, não está no modelo adotado. É o que afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira. “A PLR como é paga na Caixa é uma conquista importante dos empregados, que veio por meio das mobilizações nas campanhas salariais. Basta lembrar que além da regra Fenaban, temos a PLR Social, um avanço cuja manutenção temos defendido ano após ano. E também a garantia de pelo menos uma remueração base para todos. Não vamos admitir nenhum retrocesso”, avalia.
Para Jair Ferreira, o que precisa ser debatido é o futuro da Caixa. “O lucro de R$ 4,1 bilhões em 2016, bem abaixo da projeção de R$ 6,7 bilhões, mostra que o problema é mais grave. O que estamos vendo é um projeto para diminuir a atuação do banco, enfraquece-lo, para talvez justificar uma privatização, exatamente como na década de 90. Assim como naquela época, nossa resistência será fundamental”, alerta.
O plano anunciado na terça-feira (28) pelo presidente da Caixa endossa o temor. Segundo Gilberto Occhi, o objetivo é fechar de 100 a 120 agências. Ele também informou a intenção de criar empresas para cuidar das áreas de habitação e loterias. A direção do banco também estuda a viabilidade de venda da área de loterias instantâneas, a Lotex, assim como a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade.
Empregados não podem ser penalizados
Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae, ressalta que a mobilização dos empregados é o único caminho para barrar o projeto de redução da Caixa. “O valor da segunda parcela da PLR, motivo de indignação, já é consequência de uma política de destruição da empresa e dos direitos da categoria. Trabalhadores e entidades representativas não vão assistir de braços cruzados ao desmonte do banco”, observa.
A diretora da Fenae acrescenta que o enfraquecimento da Caixa passa obrigatoriamente pela desvalorização dos seus empregados. “Um exemplo é a proposta para alterar o modelo de custeio do Saúde Caixa. O que eles querem é reduzir a participação no plano de saúde, o que vai inviabiliza-lo financeiramente, como se nós, os trabalhadores, fossemos culpados pelos resultados ruins da instituição. A má gestão é culpa exclusiva da diretoria do banco”, diz.
“Apesar das péssimas condições nas unidades de todo o país, sobretudo após a realização de planos de aposentadoria e demissão em que cerca de 10 mil trabalhadores deixaram a Caixa, são mais de 90 mil empregados que se dedicam diariamente para prestar serviços essenciais ao povo brasileiro. Infelizmente, não é assim que a direção da empresa os considera, optando pelo desrespeito”, lamenta Fabiana Matheus.
PLR na Caixa
Na Caixa, a PLR é composta pela regra básica Fenaban, prevista na Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018 dos bancários, correspondente a 90% do salário mais R$ 2.183,53, limitado a R$ 11.713,59; parcela adicional, também presente na CCT, que representa 2,2% do lucro líquido do banco dividido pelo número total de empregados em partes iguais, até o limite individual de R$ 4.367,07; e a PLR Social, equivalente a 4% do lucro líquido, distribuídos linearmente para todos os trabalhadores. A Caixa garante no mínimo uma remuneração base.
Fonte: FENAE