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Call center reforça exploração do Santander aos bancários brasileiros

Devido à sobrecarga de trabalho causada pela falta de funcionários, os bancários do call center lotados no Vila Santander (matriz do banco em São Paulo) estão enfrentando jornadas abusivas. Eles denunciam que as duas pausas a que têm direito são impostas logo no começo da jornada e uma muito próxima da outra, o que os obriga a ficar mais de quatro horas trabalhando ininterruptamente.

“Entro às 11h, e a partir das 13h15 não terei mais pausas, sendo que somos cobrados quando usamos pausa toalete, mas como ficar quase 4 horas em operação? Já reclamei com supervisor e coordenador, mas alegam que não têm o que fazer. Muita gente está insatisfeita com essas pausas, mas ninguém tem coragem de questionar, e quando alguém tenta, não existe diálogo”, denuncia um funcionário.

Cobrado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o banco alega que precisa de mais atendentes disponíveis no decorrer da tarde, quando o volume de ligações é maior, e por isso as pausas são impostas no início da jornada.

“É muito simples resolver esse dilema. Basta contratar mais funcionários. Mas ao invés de aumentar o número de postos de trabalho, o Santander prefere assumir uma postura desrespeitosa com os trabalhadores brasileiros, eliminando vagas de emprego e impondo jornadas exaustivas que sobrecarregam os bancários remanescentes”, protesta o dirigente sindical e bancário do Santander André Bezerra.

O trabalhador que fez a denúncia confirma que muitos colegas foram demitidos, o que tem colaborado para a sobrecarga de trabalho. “Minha média de ligações diárias subiu de 25 para 34. Ficam nos pedindo para fazer hora extra, fazer o trabalho do 2° nível do SAC [que teve vários trabalhadores desligados], porém sem qualquer tipo de treinamento, e os supervisores passam de mesa em mesa, de certa forma ficamos acuados, e acabamos aceitando com receio de demissões. Boa parte faz por medo”.

Nos primeiros seis meses de 2017, o Santander viu seu lucro aumentar 33% em relação ao mesmo período de 2016, atingindo R$ 4,6 bilhões. Este resultado representa 26% do lucro global do banco espanhol. Mesmo assim, o banco eliminou 2.281 postos de trabalho no Brasil.

“A situação instalada no Vila Santander reforça a falta de respeito do banco espanhol com os funcionários brasileiros, que têm de se matar de trabalhar para atender bem o cliente e gerar o maior lucro para um semestre da história da instituição”, critica André Bezerra. “O mínimo que o Santander deveria fazer como contrapartida social por ganhar tanto dinheiro em terras brasileiras seria aumentar o número de empregos e dar um tratamento mais digno aos seus trabalhadores, mas a realidade confirma que a empresa prefere continuar com uma visão colonialista de exploração aos funcionários sul americanos.”

Na quinta-feira (24) será realizada reunião entre representantes dos trabalhadores e integrantes do Santander para tratar sobre a renovação do acordo aditivo dos call center Vila Santander São Paulo e Rio de Janeiro. “Esperamos corrigir de vez esses problemas de sobrecarga de trabalho e das pausas de descanso desses trabalhadores”, afirma André Bezerra.

 

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo

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