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“O 1º de maio é a marca de vidas operárias”

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Nesta edição d’O Piquete Bancário você confere uma entrevista com o representante legal da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, que fala sobre as lutas dos trabalhadores e o dia 1º de Maio.

1 – Estamos vivendo um período de crise sócio-econômica, e a classe trabalhadora tem sido uma das maiores vítimas das medidas tomadas pelo governo. Como o Sr. avalia atuação do Congresso Nacional e da presidente Dilma?

A Dilma do PT e todos os seus aliados da velha direita estão pilotando o maior ajuste fiscal, com corte previsto na casa dos R$ 60 bilhões. Foi essa a opção do governo petista desde a famosa carta ao povo brasileiro, ainda no primeiro governo de Lula. Em todos os sentidos, pra além das disputas de loteamento de poder e cargos, esse Congresso e Dilma em nada diferem na política macroeconômica adotada no país desde os idos de FHC. Dessa forma, num momento em que se aprofunda a crise econômica mundial e seus reflexos em nosso país, ambos não vacilam em atacar os direitos trabalhistas e sociais do povo trabalhador, para ao final, garantir o interesse dos banqueiros e das multinacionais. Isso explica, por exemplo, porque o orçamento de 2015 prevê 45% de seu todo ao pagamento da dívida pública.

2 – Qual o posicionamento da CSP-CONLUTAS em relação a PL 4330 e às MP’s 664 e 665? Qual deve a postura das centrais sindicais para impedir que essas medidas se concretizem?

Nossa central tem insistido no chamado às demais organizações para que façamos uma greve geral para enfrentar esses ataques. O PL 4330 é parte do mesmo pacote econômico de onde nascem as MP`Ss 664 e 665. Com um representante do Bradesco, indicado por Dilma para a Fazenda, o que se poderia esperar, se não o atendimento a banca internacional? Temos de botar o nosso bloco na rua, de maneira unitária e frontal, contra o governo e os patrões. Não adiantou a linha de ter ficado negociando emenda, tampouco adianta ficar agora apostando em meras bravatas de uma figura como Renan. Nada também garante o “sonho” de que Dilma irá vetar algo. Frente a tamanho ataque, a saída é a luta. Ficou provado que podemos barrar esse ataque nas ruas, basta ver os resultados desse enfrentamento, quando de nossa paralisação nacional, convocada pela CSP-Conlutas, CUT, CTB, Nova Central e outras diversas organizações do movimento de massas. O PL 4330 é o caminho para massificação da precarização, subemprego e baixos salários, já as medidas 665e 664 descarregam sobre os ombros de nossa classe a conta da crise, pois, restringe o acesso ao PIS, Seguro desemprego, auxílio de pescadores e pensão por morte. Ou seja, retira direitos históricos e exatamente daqueles mais pobres. Um absurdo!

3 – Qual o verdadeiro significado do dia 1º de Maio, já que sua essência está sendo perdida em meio a tantas comemorações esvaziadas de sentido?

Vejam bem, o 1º de Maio é a marca de vidas operárias que lutaram pela redução da jornada e tornaram-se mártires de nossa classe. No mundo atual a tudo fazem virar comércio. Quanto mais uma data for desfigurada de sentimentos humanos sinceros, melhor para o mercado, ainda mais quando se trata de classe. Eles, os proprietários do comércio, a grande mídia, em relação ao 1º de Maio fazem questão de chamá-lo dia do “trabalho”, para assim desfigurá-lo do papel histórico que esse cumpre no terreno da luta de classes. Cada vez mais dirigentes de grandes organizações sindicais, patronais e ou governistas, cumprem um vergonhoso papel de suporte aos setores exploradores de nossa classe, inclusive aceitando milionários financiamentos de festas e sorteios de “brindes” valorosos. Tem sido assim no Brasil, mas também em grande parte do mundo. Não podemos baixar a guarda. Havemos de seguir lutando para resgatar o verdadeiro significado do nosso dia, O Dia Internacional dos Trabalhadores. Nossa tarefa, enquanto central, é estimular esse resgate e combinar as lutas imediatas de cada segmento dos trabalhadores, visando dar um sentido político comum a essa batalhas até o fim da exploração, até um mundo justo e igualitário, até o socialismo!

4 – Qual a mensagem que o Sr. deixa para os trabalhadores neste Dia do Trabalho?

Nunca devemos perder a capacidade de nos indignarmos enquanto um único irmão de nossa classe estiver sendo explorado ou passando privações. Não importa se pareço estar apenas parafraseando alguém, o que importa é não perdermos essa capacidade. Junto como isso havemos de sonhar e de crer em nossa força transformadora. Vamos à luta sempre. É possível, sim, que todos nós um dia descansemos a fadiga de nosso corpo, produzamos conforme nossas possibilidades e obtenhamos cada um conforme nossas necessidades.

 

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