A Caixa Econômica Federal devolve mais R$ 8,350 bilhões dos recursos tomados ao Tesouro Nacional por meio do Instrumento Híbrido de Capital e Dívida (IHCD). O despacho foi publicado no Diário Oficial, pelo Tesouro Nacional, no último dia 27 de dezembro de 2019, e cumprida no mesmo dia. Para a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) a devolução do IHCD enfraquece a Caixa e penaliza a população. Este era o último trâmite oficial que faltava para o pagamento, que já tinha o aval do Banco Central.
Segundo o presidente da Federação, Jair Pedro Ferreira, a Fenae reafirma a posição de que o pagamento do IHCD descapitaliza a Caixa. “No nosso entendimento não tem justificativa de devolução desses recursos. Cada devolução nova da Caixa, ela diminui a sua capacidade de novos empréstimos e esse recurso é da sociedade. A população está precisando de renda, de financiamento a longo prazo. Isso certamente prejudica a população”, afirmou Ferreira.
Ainda em 2019, em uma medida tomada pelo ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o banco devolveu R$ 3 bilhões em meados do ano. Caberia ao tomador do empréstimo definir o momento para a devolução, uma vez que os recursos, tomados entre 2007 e 2013, não tinham prazos de vencimento.
O IHCD colaborou para que a Caixa pudesse ampliar sua carteira de crédito durante a crise financeira, estendendo seu papel como agente das políticas públicas dirigidas à população de baixa renda. Esse recurso é direcionado para investimentos em saneamento básico, habitação popular e mesmo financiamentos de materiais de construção.
“A devolução dos recursos do IHCD tira dinheiro que seria investido na área social como o Minha Casa Minha, que já está parado, o Fies e outros tantos projetos, prejudicando mais uma vez a população de baixa renda. Além disso, para fazer o pagamento, a Caixa precisou ampliar a venda de ativos. Ao transferir ativos para a iniciativa privada, o Brasil entrega sua soberania e permite um impacto severo sobre os empregos e sobre o desenvolvimento nacional”, ressaltou o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.
Os pagamentos do Instrumento Híbrido de Capital e Dívida só foi possível diante de um verdadeiro sacrifício da Caixa: cortes de custos e venda de ativos. Ao todo a instituição já devolveu R$ 11,350 bilhões e para 2020, a expectativa da gestão do banco é aumentar os valores devolvidos ao governo federal.
Para levantar os recursos, a atual gestão pretende entregar ao mercado privado partes importantes da Caixa. Já estão nos planos vender mais ativos e abrir o capital de alguns negócios, incluindo as operações de seguros, cartões, loterias e gestão de recursos.
Leia mais
Fenae condena transferências de recursos da Caixa para o Tesouro Nacional
Em defesa da Caixa 100% pública
Para impedir que os planos da atual gestão da Caixa de vender as áreas mais lucrativas, o Comitê Nacional em Defesa da Caixa lançou a campanha nacional #ACAIXAÉTODASUA. A iniciativa tem como objetivo chamar atenção de empregados do banco e de toda a sociedade para os prejuízos que a venda de partes lucrativas da empresa como seguros, loterias e cartões poderá trazer.
A campanha quer mostrar que a Caixa faz parte da vida de todos os brasileiros há 158 anos. Foi graças as partes lucrativas da instituição que milhares de famílias conseguiram financiar, com taxas menores, a compra da casa própria. Também é por meio da Caixa que acontece a operação de toda a área social, como benefícios ao trabalhador e acesso a produtos e serviços por meio da bancarização.
Quer saber mais? Acesse: http://www.acaixaetodasua.com.br/
Fonte: Fenae, com informações do Estadão.