Em pelo ano 2020, mesmo com o alto desenvolvimento das tecnologias de produção, o avanço da ciência também na área de produção agrícola e o fato de estarmos em um país com um favorecimento climático e territorial, corremos o risco do desabastecimento alimentar, como aponta Associação Brasileira de Supermercados. A avaliação remete o problema à alta dos preços e desequilíbrio da oferta.
No Rio de Janeiro e interior de São Paulo a venda de alguns alimentos da cesta básica, como arroz, óleo de soja e leite já está sendo limitada a um número reduzido por consumidor, como já foi relatado no Jornal Extra e Uol.
Na última quarta-feira (9), o Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o grupo Alimentação e Bebidas saiu do avanço de 0,01%, no mês de julho, para uma elevação de 0,78% em agosto, dentro do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O grupo contribuiu com 0,15 ponto porcentual para a taxa de 0,24% do IPCA no mês.
A notícia se torna ainda pior com o anúncio do setor de que mais altas ainda são esperadas para o feijão, arroz, carne, leite, óleo de soja, café e trigo. Só nos primeiros oito meses deste ano, o arroz subiu, em média, 30%, e feijão acumula alta de 28,92%, segundo o IPCA. A desvalorização do real tem feito com que os preços de produtos como soja, milho, carnes, por serem cotados internacionalmente em dólar, subissem mais. Em agosto do ano passado, o dólar valia R$ 4,02. Um ano depois, R$ 5,46, uma alta de 36%.
Enquanto isso, o governo segue ignorando esse problema grave e nega o risco de desabastecimento no país. Nesta semana, em declaração pública, ao ser questionado sobre a alta do preço do arroz, o presidente Jair Bolsonaro ironizou o povo e recomendou que passassem a consumir macarrão.
Como já declarou o poeta revolucionário Bertold Brecht, “há muitas maneiras de matar uma pessoa. Cravando um punhal, tirando o pão, não tratando sua doença, condenando à miséria, fazendo trabalhar até arrebentar, impelindo ao suicídio, enviando para a guerra etc. Só a primeira é proibida por nosso Estado”
“O encarecimento dos produtos alimentícios básicos é mais uma prova da desorganização do governo, que não considerou o período de entressafra e agora leva o país a uma ameaça de desabastecimento concomitante com a alta dos preços. A alta estratosférica dos alimentos vai atingir em cheio a população mais carente, que além de pagar mais caro pelo alimento vai ter o valor do auxílio emergencial reduzido pela metade, além prejudicar vários seguimentos de trabalhadores que não terão reajustes salariais este ano”, avalia Leonardo Viana, presidente do SEEB/VCR.