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Corrupção das rachadinhas: áudios revelam envolvimento direto de Bolsonaro

A colunista do UOL, Juliana Dal Piva, publicou nesta segunda-feira (5) três denúncias de contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A primeira imputação de corrupção teria a acontecido no período em que Bolsonaro era deputado federal. Segundo Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente, Bolsonaro demitiu um irmão dela chamado André Siqueira Valle porque ele se recusou a entregar a maior parte do salário de assessor. A declaração faz parte das gravações inéditas obtidas pela coluna.

Andrea afirma que, Bolsonaro chegou a retirar um familiar dela do esquema por não entregar o valor combinado, quase 90% do salário. Ela foi a primeira dos 18 parentes da segunda mulher do presidente que foram nomeados em um dos três gabinetes da família Bolsonaro (Jair, Carlos e Flávio) no período de 1998 a 2018. Os áudios podem ser ouvidos no vídeo a seguir:

Outra denúncia dá conta da ligação do presidente com Fabrício Queiroz, acusado de participar de um esquema de desvio de vencimentos de servidores do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Em troca de mensagens, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, se referem ao presidente Jair Bolsonaro como “01”. Os áudios são de outubro de 2019, período em que o policial militar reformado ficou escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, em Atibaia, no interior de São Paulo.

A troca de mensagens entre Márcia e Nathália ocorreu em 24 de outubro de 2019. Em áudio para a madrasta, Nathália reclamou de Queiroz e o chamou de “burro” por continuar fazendo as articulações.

“É chato também, concordo. É que ainda não caiu a ficha dele que agora voltar para a política, voltar para o que ele fazia, esquece. Bota anos para ele voltar. Até porque o 01, o Jair, não vai deixar. Tá entendendo? Não pelo Flávio, mas enfim não caiu essa ficha não. Fazer o quê? Eu tenho que estar do lado dele”, afirmou Márcia, em trecho exclusivo.

A mulher de Queiroz ainda comparou a situação do ex-assessor de Flávio, escondido naquela época na casa de Wassef em Atibaia, com a de um preso: “Essa vida, a gente não tem que confiar em ninguém. Se bobear, nem na própria família. Ainda mais num caso desse daí. Ele [Queiroz] fala da política como se tivesse lá dentro trabalhando e resolvendo. Um exemplo que eu tenho, que parece. Parece aquele bandido que tá preso dando ordens aqui fora. Resolvendo tudo.”

Ao ouvir a mensagem, Nathália Queiroz seguiu reclamando da situação e do pai para a madrasta. Ela disse ainda que o “01” iria cobrar Queiroz pela situação. “Ai Márcia, é foda. é foda. Quando tá tudo quietinho para piorar as coisas vem a bomba vindo do meu pai. O advogado, o 01, todo mundo vai comer o cu dele. E ele ainda vai achar normal. Você conhece meu pai. Vai falar: ‘não falei nada demais’. Sempre acha que não é nada demais”.

O presidente nega ter tido conversas com o antigo amigo desde que surgiu o escândalo das rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, em dezembro de 2018. Naquela altura, Flávio já tinha sido eleito senador e concluía o mandato de deputado estadual.

Segundo a colunista, além do policial Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), um coronel da reserva do Exército atuou no recolhimento de salários do antigo gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio). A informação foi passada por Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro e assessora de Flávio entre 2008 e 2018.

Andrea afirmou que a maior parte do salário que recebia do gabinete do filho mais velho do presidente era recolhida pelo coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson.

O militar é tio de Andrea e de Ana Cristina Valle, segunda mulher do presidente. O coronel Hudson foi colega do presidente na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) nos anos 1970. Ele constou como assessor de Flávio na Alerj, de junho a agosto de 2018. No entanto, pessoas ouvidas pela coluna contam que ele era conhecido há anos como funcionário da família Bolsonaro e sempre transitou junto ao clã.

Nas gravações, Andrea contou que ia com o tio ao banco sacar o dinheiro do salário dela todos os meses. “O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”, afirmou Andrea.

O material completo será divulgado amanhã (6) no podcast UOL Investiga: “A vida secreta de Jair”.

Com informações do UOL.

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