Por Camile Correia*
O 16 de novembro é lembrado por ser o Dia Internacional da Tolerância, decretado pela ONU desde 1996 em assembleia-geral, onde os países membros signatários da Unesco aprovaram a Declaração de Princípios Sobre Tolerância. Um compromisso com o respeito e valorização da diversidade de culturas, formas de expressão e maneiras de existir do ser humano, simultaneamente ao compromisso de combater discursos que levem ao medo e à exclusão, além de ajudar os jovens a terem pensamento crítico fundamentado na ética, tornando-se capazes de fazer um julgamento independente dos fatos.
O que vimos nos últimos, anos com a ascensão da extrema-direita (especialmente em nosso país, que é nosso foco, mas mostra-se um movimento mundial), foi o reforço de discursos de ódio: vizinhos, familiares, colegas de trabalho que validam seus ideais fundamentalistas unicamente pela palavra “opinião”.
Nesse contexto crescente de desrespeito ao pacto do qual o Brasil é signatário, conforme foi dito no início desse texto, é necessário relembrar o filósofo Karl Popper, em seu livro “A sociedade aberta e seus inimigos”, onde ele fundamenta o que é chamado de Paradoxo da Tolerância. Basicamente este paradoxo conclui que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância, logo, para haver a sociedade de direito, e resguardar os direitos do indivíduo, há que não se tolerar o intolerante (inclua nessa categoria os homofóbicos, racistas, supremacistas religiosos, e demais categorias que têm se sentido não apenas confortáveis em propagar seus discursos de ódio, mas reclamam o dever de garantir sua “liberdade de expressão”).
Então, diante desse quadro surrealista, temos o dever de relembrar o senhor Karl Popper e a necessidade de coibir de maneira enfática tais ideias desses propagadores. Nossa sociedade deve ser uma sociedade justa e igualitária, onde o suicídio não seja a alternativa mais viável para alguém com medo de existir em sua essência, onde a diversidade possa coexistir em harmonia e respeito. Há um trabalho árduo pela frente, e ele começa com a pessoa ao seu lado.
*Camile Correia é bancária da Caixa Econômica Federal, militante feminista classista LGBTQIAP+ e diretoria para Assuntos de Gênero do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região.