O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, presta um novo depoimento à Polícia Federal (PF), às 14h desta segunda-feira (11). A oitiva, que será na sede da PF, em Brasília, faz parte do acordo de colaboração premiada.
A expectativa é que Mauro Cid fale sobre as reuniões de planejamento para um golpe de Estado e a elaboração da minuta de um decreto golpista encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e na sede do Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nos depoimentos anteriores, Mauro Cid não disse que o ex-presidente participou ativamente dos planos golpistas. A informação, no entanto, foi levantada pela PF durante as investigações e confirmada pelos depoimentos do ex-comandante da Aeronáutica tenente-brigadeiro, Carlos de Almeida Baptista Júnior, e do ex-comandante do Exército general, Marco Antônio Freire Gomes.
O ex-chefe do Exército teria dito em depoimento à PF que Bolsonaro foi o responsável pela convocação da reunião com ministros para discutir um plano golpista, em 5 de julho de 2022. Bolsonaro também teria sido um dos responsáveis pela manutenção dos acampamentos golpistas em Brasília, segundo apuração da Folha de S. Paulo.
No vídeo de mais de 1h30 de duração da reunião, estão presentes vários ministros do então governo que ouvem Bolsonaro repetir fake news sobre o funcionamento das urnas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenar a eles que repitam as informações distorcidas e sugerir até a redação de uma nota conjunta entre os ministérios para afirmar que seria impossível atestar a lisura das eleições.
“Olhem pra minha cara, por favor. Todo mundo olhou pra minha cara? Acho que não tem bobo aqui. Pô, mais claro do que tá aí? Mais claro… impossível! Eu acredito que essa proposta de cada um da Comissão de Transparência Eleitoral tem que… quem responde pela CGU vai, quem responde pelas Forças Armadas aqui… é botar algo escrito, tá? Pedir à OAB. Vai dar… a OAB vai dar credibilidade pra gente, tá? Polícia Federal… dizer… que até o presen… uma nota conjunta com vocês, com vocês todos… topam… que até o presente momento dadas as condições de… de… se definir a lisura das eleições são simplesmente impossíveis de ser atingidas. E o pessoal assina embaixo”, afirmou o então presidente.
Se ficar comprovado que Mauro Cid mentiu nos primeiros depoimentos à PF, o seu acordo de delação premiada pode ser cancelado. O processo de homologação do acordo foi conduzido pelo advogado do tenente-coronel, Cezar Bitencourt, e finalizado no dia 9 de setembro pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Cid estava preso desde maio do ano passado por suspeita de fraude em cartões de vacinação, e deixou a prisão após a homologação da delação premiada.
A investigação é parte de inquéritos que tramitam no STF, como o que investiga a atuação das milícias digitais. Além de Bolsonaro, são investigados no âmbito da tentativa de golpe de Estado pessoas próximas a ele durante seu governo.
Fonte: Brasil de Fato.