O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (28), uma semana após as denúncias de corrupção e pedido de propina em troca de verbas para a educação, feito pelo gabinete paralelo formado por pastores evangélicos, que atuavam no Ministério da Educação (MEC). Ele foi o quarto ministro da pasta no governo de Jair Bolsonaro (PL). (Veja lista abaixo).
Um áudio vazado publicado pelo jornal Folha de S. Paulo mostra o ministro dizendo priorizar repasse de verbas a municípios indicados por um pastor evangélico a pedido do presidente. De acordo com a reportagem, os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos têm, ao menos desde janeiro de 2021, negociado com prefeituras essas verbas federais. Arilton é o mais citado pelos prefeitos que denunciaram o esquema.
Dez prefeitos denunciaram o esquema, que envolvia pedidos de propina de até R$ 40 mil, um quilo de ouro e bíblias com a foto do ministro na capa.
Bolsonaro aceitou o pedido de demissão após ter dito na live semanal da quinta-feira (24) que colocaria o rosto inteiro no fogo por Milton Ribeiro, que também é pastor evangélico. Analistas avaliam que o motivo é a eleição presidencial deste ano. Manter Ribeiro, mesmo acusado de corrupção, em um governo que diz não ter corrupção, apesar das evidências, é perda de votos na certa.
A exoneração, termo usado no serviço público em casos de desligamentos, oi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
O secretário-executivo da Educação, Victor Godoy, que empossado em 22 de julho de 2020, no início da gestão de Milton Ribeiro, assume automaticamente como ministro substituto.
“Decidi solicitar ao presidente Bolsonaro a minha exoneração do cargo, com a finalidade de que não paire nenhuma incerteza sobre a minha conduta e a do governo federal”, escreveu o ministro em uma carta sobre sua saída.
Ribeiro é o 4º ministro da educação do governo Bolsonaro
Milton Ribeiro, o 4º ministro da Educação do governo Bolsonaro, ficou 20 meses no cargo. Ele tomou posse em 16 de julho de 2020, substituindo Abraham Weintraub.
Weintraub caiu após a crise causada por suas declarações contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em reunião ministerial no dia 22 de abril de 2020, que foi tornada pública por ordem judicial, ele disse: “‘Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
Weintraub foi incluído no inquérito do STF sobre divulgação de notícias falsas e ofensas aos ministros da Corte, saiu e foi para o Banco Mundial indicado por Bolsonaro. Agora, deve deixar o cargo para disputar o governo de São Paulo nas eleições deste ano.
Antes de Milton Ribeiro, o último ministro ficou apenas cinco dias no cargo: Carlos Decotelli, nomeado em junho de 2020, pediu demissão quando vieram à tona denúncias de irregularidades em seu currículo lattes, desde acusações de plágio em sua produção acadêmica até questionamentos aos títulos que ele dizia ter.
O primeiro ministro da Educação sob Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodríguez, foi demitido em abril de 2019, pouco mais de um ano depois de assumir, depois de uma disputa de poderes dentro do Ministério da Educação, entre as alas militares e ideológica – esta última ligada ao guru bolsonarista Olavo de Carvalho, morto em janeiro deste ano.
Fonte: CUT.