De cada três brasileiros desempregados no Brasil, dois são negros, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o terceiro trimestre de 2017. Em números absolutos, há 8,2 milhões de pretos e pardos, que compõem o grupo racial negro de acordo com o IBGE, desempregados no país e 4,7 milhões de brancos na mesma condição.
A taxa de desemprego entre os negros é de 14,6%, enquanto a dos brancos é de 9,9%, contra média nacional de 12,4%. O desemprego para a população negra é 47,1% maior do que o da população branca.
Os números também mostram que, nas regiões onde há maior concentração de população negra, caso do Nordeste e Sudeste, é onde estão as maiores taxas de desemprego entre pretos e pardos.
Em Pernambuco, o desemprego entre os negros chegou a 19,4%, a maior marca entre os estados da nação. Outras regiões com altos índices são Bahia (17,5%), Rio de Janeiro (16,7%) e São Paulo (16,3%).
Najara Costa, mestranda em ciências humanas e sociais na Universidade Federal do ABC (UFABC) e especialista na inclusão do negro no mercado de trabalho, acredita o campo profissional é um ótimo exemplo da exclusão do negro no Brasil.
“O fenótipo racial é determinante para pensar a desigualdade no Brasil. Ainda hoje, o critério da boa aparência, por mais que esteja implícito, em tempos atrás, já esteve explicito em anúncios de jornal e emprego”.
Além de desempregado em maior número, quando inserido no mercado de trabalho, o negro está em situação mais vulnerável. De acordo com dados do IBGE, 71,3% dos pretos e pardos empregados têm carteira assinada, contra 75,3% da média nacional.
Reflexo disso são os setores ocupados por negros, presentes em setores da economia mais fragilizada. Dos dez grupos de serviço mapeados pelo IBGE, a população negra é maioria em quatro: agricultura, construção, serviços de alojamento e alimentação e, especialmente, no serviço doméstico.
O contraste também se estende para os salários. Segundo o IBGE, a média salarial do trabalhador preto e pardo é de R$ 1.531, enquanto a do branco é de R$ 2.757, quase o dobro.
A discrepância racial nos postos de trabalho ocupados por negros e brancos e no nível de salário dos dois grupos étnicos também é uma das faces do racismo no Brasil, de acordo com Najara Costa.
“Os postos no mercado de trabalho com maiores prestígio e remuneração são ocupados por pessoas brancas. Por mais qualificada que uma pessoa negra possa ser, é no mercado de trabalho onde ela será excluída ou desqualificada, ou ter os piores salários”.
Fonte: Alma Negra