Brasil tem pior desempenho entre 40 países na percepção da população em relação a políticas de saúde, educação e meio ambiente
Segundo pesquisa feita pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a desigualdade aumentou mais no Brasil durante a pandemia quando comparada a outros 40 países. O levantamento utilizou dados sobre a percepção da população em relação às políticas públicas de saúde, educação e meio ambiente. De acordo com o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, trata-se de um modelo econômico adotado nos últimos anos que vem ampliando o “abismo social” no país.
“De alguma forma, o que a gente está assistindo até agora é um processo de ampliação do abismo social no Brasil. E não há nenhuma política efetiva para reverter essa situação”, disse Fausto, em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual, nesta quarta-feira (13).
Além de não haver projetos de inclusão, nem criação de emprego e renda, Fausto destaca que a pauta principal do governo é “descontruir” os direitos sociais adquiridos a partir da Constituição de 1988. Como exemplo, ele cita a PEC 32, da chamada “reforma” administrativa, que vai transformar o que resta desses direitos em mercadoria.
“Tem a ver diretamente com a visão de que o mercado irá resolver tudo. Quando, na verdade, a gente sabe que deixar o mercado ao seu bel-prazer significa maior concentração de renda e ampliação da pobreza”, destacou.
Escolhas erradas
Primeiramente, Fausto ressalta que o governo Bolsonaro negou a pandemia. Nesse sentido, foi o Congresso Nacional que liderou a discussão para a implementação do auxílio emergencial. Além disso, outras ações do governo, como a política de preços da Petrobras e as tarifas de energia, vêm colaborando para o aumento da inflação e da desigualdade.
“Além de tudo isso, é bom lembrar que o governo atual injeta bastante insegurança do ponto de vista do investimento”, acrescenta o diretor técnico do Dieese. “Na verdade, o governo não tem política econômica, nem política social. De alguma forma não tem um projeto do Brasil, que não seja desmontar o que foi construído anteriormente, principalmente a partir da Constituição de 88 e dos governos Lula e Dilma.”
Fonte: CUT