Ato de exoneração de Laurício Monteiro Cruz é assinado por ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos
O governo Jair Bolsonaro exonerou nesta quinta-feira (8) mais um servidor do Ministério da Saúde citado por Luiz Paulo Dominghetti Pereira no âmbito das negociações da pasta com a Davati Medical Supply.
Trata-se de Laurício Monteiro Cruz, que deixa o posto de diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério. O ato, publicado no “Diário Oficial” da União desta quinta-feira (8), é assinado pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos.
Laurício teria dado aval para que um reverendo negociasse doses da AstraZeneca em nome do governo com a Davati.
De acordo com Dominghetti, que representava a empresa, o então diretor de Logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, lhe pediu propina de US$ 1 por dose de vacina. Dias foi exonerado em 29 de junho, horas após a Folha publicar a entrevista em que Dominghetti revelou o suposto pedido de propina.
Em seu depoimento à CPI da Covid, Dominghetti afirmou que três diretores do ministério sabiam ao final da proposta das vacinas da AstraZeneca que seria intermediada pela Davati: Dias, o então secretário-executivo Elcio Franco e Laurício. Na ocasião, ele não soube informar o sobrenome de Lauício.
Dominghetti também acrescentou que chegou a Franco e Laurício através de uma ONG do Distrito Federal, chamada Senah, que faz serviços humanitários.
Dias depois, uma reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou que Laurício enviou em fevereiro e-mail para o reverendo que fundou a Senah com o assunto “lista de presença e carta de proposta para fornecimento”.
Na mensagem, Laurício menciona proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da AstraZeneca.
O reverendo também publicou em março, nas redes sociais, foto de reunião na Saúde para, segundo ele, buscar e tratar de vacinas. Laurício aparece na imagem.
Ainda segundo a reportagem, Laurício endereçou email a representante da Davati nos Estados Unidos, informando sobre a reunião na Saúde com o reverendo.
A sessão de quarta (7) na CPI da Covid terminou com Roberto Ferreira Dias preso pela Polícia Legislativa do Senado após o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), ter considerado que o depoente mentiu ao longo de sua oitiva.
Após cinco horas preso, ele pagou fiança de R$ 1.100 e deixou a Polícia Legislativa no fim da noite de quarta. Dias foi demitido do posto na Saúde em 30 de junho, após Dominghetti fazer a denúncia em entrevista à Folha.
Fonte: Folha de São Paulo