Nesta quinta-feira (15), em audiência pública realizada na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, na Câmara dos Deputados, representantes do setor da construção civil e deputados criticaram a liberação de saques no FTGTS. O debate foi proposto pelos deputados Zé Neto (PT-BA) e Jesus Sérgio (PDT-AC).
Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic), José Carlos Rodrigues Martins, esses recursos acabarão direcionados para o consumo das famílias, sem resultar em melhorias no ambiente econômico.
“Esses R$ 42 bilhões, considerando um financiamento médio de R$ 100 mil, representam cerca de 400 mil casas, e uma casa gera 1,2 emprego direto”, disse. José Carlos Martins lembrou ainda que se o dinheiro fosse direcionado ao crédito imobiliário, seriam gerados 400 mil empregos de imediato.
Ainda segundo Martins, o setor da construção civil também enfrenta atrasos nos repasses orçamentários para as iniciativas do governo no setor habitacional, e há ameaça de 200 mil demissões no setor. “O orçamento deste ano é de R$ 60 bilhões para o Minha Casa Minha Vida, e os saques são 2/3 do que poderíamos produzir”, afirmou Martins.
O diretor-técnico da Federação Nacional dos Pequenos Construtores, Luciano Rufato, destacou que 95% dos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida dependem de recursos do FGTS. Na quarta-feira (14), em decorrência da falta de dinheiro, uma portaria interministerial reduziu os subsídios do governo para o programa, abrindo a necessidade da destinação de mais verbas do FGTS.
A Medida Provisória 889/19 está em vigor desde 24 de julho e, e de acordo com o governo federal, pretende injetar R$ 42 bilhões na economia até o final do próximo ano.
O presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira, Claudio da Silva, que também participa do Conselho Curador do FGTS, lamentou que o governo tenha apresentado a medida provisória já pronta, sem discussão prévia com o colegiado.
O deputado Zé Neto também criticou a MP 889. “Ela tira o caráter normativo do próprio Congresso em uma situação delicada para esse momento econômico que estamos vivendo”. O parlamentar informou que a Comissão de Desenvolvimento Econômico voltará a discutir os impactos da MP.
Fonte: Fenae, com informações do Portal da Câmara dos Deputados – Notícias