O ex-diretor Jurídico do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, Rodrigo Maia, fala sobre seu mandato e seu trabalho desenvolvido à frente da diretoria. Confira.
Após dois anos e oito meses o Sr. renuncia ao cargo de diretor Jurídico. Qual o motivo?
Fiz um concurso para advogado do Banco do Nordeste em 2010 e fui convocado recentemente. Permanecerei na mesma empresa, porém farei parte de outra categoria. E, além disso, o cargo de Diretor Jurídico do Sindicato é incompatível com o novo cargo, por razões óbvias.
Como o Sr. avalia esse período frente à Diretoria Jurídica do SEEB/VCR?
Apesar de não ter sido liberado para o Sindicato, consegui desenvolver minha atividade após minha jornada dentro do banco. A maior parte do meu trabalho não foi presencial (a maioria por e-mail, telefone e redes sociais). Infelizmente, isso causa resistência em quem prefere a presença física que resultados. Eu sempre preferi resultados. Não saio com a sensação de ter abandonado o barco. Tudo que tinha ligação direta e indireta com a diretoria jurídica foi realizada – não só os compromissos que fiz na campanha eleitoral, como atividades que surgiam pontualmente, além de avanços que nem estavam planejados.
Posso resumir a revolução que fizemos na diretoria jurídica: 1) seleção de advogados de forma transparente e com critérios objetivos (sempre com aprovação da Diretoria Geral); 2) elaboração de contratos e aditivos para regular a atividade destes escritórios (com cláusulas que estimulam a sua iniciativa); 3) análise de teses jurídicas antes do ajuizamento; 4) distribuição dos processos antigos para os novos advogados que adotaram uma metodologia de trabalho mais adequada ao perfil desejado pela categoria; 5) elaboração do pré-projeto do estatuto: talvez a maior revolução ocorrida neste mandato e principal compromisso de campanha – impedindo, inclusive, que um diretor jurídico possa “se escolher” como advogado da instituição; 6) estudos sobre novas metodologias de abordagem nas greves (o movimento em nossa base, hoje, é invejável e, infelizmente, exceção nacional); 7) participei diretamente das negociações do BNB, deixando a base informada em tempo real através do Whatsapp (o único integrante de sindicato do interior a participar da mesa de negociação com o BNB); 8) elaboração do projeto e acompanhamento da criação do “Sindicato Virtual”, para os bancários acompanharem as finanças e seus processos judiciais, podendo conversar diretamente com o advogado da causa – está em fase de cadastro dos bancários e todo o resto está pronto (o que era de minha responsabilidade); 9) fui representante da AFBNB (Associação dos Funcionários do BNB) desde 2009, levando ideias da base e defendendo até conseguir o apoio dos colegas de outras bases; 10) aumento de mais de 350% no número de ações coletivas.
Quais as principais modificações da sua diretoria aprovadas no 10º Congresso Regional dos Bancários?
Ficou estabelecido agora que qualquer seleção de advogados deve passar pelo mesmo processo transparente e objetivo que fizemos. E também ficou definido que o bancário jamais será cobrado (ou descontado do seu crédito trabalhista) na hipótese de processos em que há possibilidade do Sindicato receber os honorários assistenciais. Os advogados, em todos os casos que cabem os assistenciais, só irão receber qualquer valor se ganharem e na proporção que ganharem. Ou seja, o risco financeiro, nestes casos, é zero, tanto para o bancário, quanto para o Sindicato. Isso é um grande avanço! Também ficou definido o fim da reeleição ilimitada para o cargo de presidente do Sindicato.
O Estatuto atual é o que mais instrumentaliza a ética, transparência e democracia, comparado com todos os estatutos dos sindicatos de todo o país. Inclusive, estudamos todos os estatutos disponíveis de sindicatos de bancários – um exemplo que deve ser divulgado nacionalmente.
Qual a experiência e a mensagem que o Sr. deixa para os colegas bancários?
As pessoas sempre me perguntavam o que ganhei com tudo isso. Individualmente, no sentido financeiro, nada. Mas, aprendi muito. Aprendi que advogado trabalhista (atividade que desempenho desde 2008) tem a oportunidade de uma “pós-graduação da vida real”, como é o caso de ser diretor jurídico de um sindicato que funciona de verdade. Participei de eleição sindical, alteração estatutária, análise de todas as teses de ação coletivas, da confecção em âmbito estadual e nacional das minutas de reivindicação, coordenação de greve do BNB, negociação diretamente com o presidente ou diretores do banco, assinatura de acordo coletivo. Tem pessoas que pagariam para aprender tudo isso. Ainda estarei envolvido com outras atividades de interesse coletivo, como o Observatório Social. O Sindicato é a única instituição até o momento que está apoiando. Agradeço a todos pela confiança e pelas palavras de apoio que sempre recebi da maioria de vocês.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.