O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou na última semana uma análise de Mercado de Trabalho que aponta que o tempo médio de recolocação no mercado é de dois anos para 3,3 milhões de trabalhadores. Em quatro anos, cresceu 42,4% o total de brasileiros que ficam 24 meses sem emprego.
O estudo utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, que demonstra que no último trimestre a taxa de desemprego atingiu 12,5% dos brasileiros, ou seja 13,2 milhões de brasileiros.
As mulheres são as mais atingidas pelo desemprego de longo prazo. Entre as desempregadas, 28,8% estão nesta condição há pelo menos dois anos, contra 20,3% dos homens na mesma situação.
Analisando a faixa etária, os profissionais com mais de 40 anos são os mais afetados. O estudo aponta que 27,3% dos trabalhadores desocupados com essa idade ou mais insistem sem sucesso na busca por trabalho há pelo menos dois anos.
Por região, o Norte, com 28,6%, e o Nordeste, com 27,6%, registram os maiores percentuais de desempregados.
A análise aponta que, além do aumento no tempo de permanência no desemprego, os efeitos da crise econômica sobre o mercado de trabalho também vêm impactando a renda domiciliar: no 1º trimestre de 2019, 22,7% dos domicílios brasileiros não possuíam nenhum tipo de renda proveniente do emprego.
Reforma trabalhista precarizou o emprego
Confirmando as previsões do movimento sindical, após a reforma trabalhista o mercado vem criando mais empregos informais, sem direitos. Considerando-se apenas trabalhadores com carteira assinada, a taxa anual de desemprego permanece negativa. Os contratos de trabalho intermitente (temporário e esporádico) e de jornada parcial (até 30 horas semanais), totalizam 15,5% do total de empregos formais gerados a partir da entrada em vigor da reforma.
Na última semana, a Comissão de Aplicação de Normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) pediu que o governo brasileiro avalie o impacto da reforma trabalhista e que adote eventuais mudanças, se necessário.
“Enquanto boa parte da população sofre com o desemprego e enfrentando dificuldades, o governo agrava ainda mais esse cenário sem apresentar um projeto capaz de superar a recessão econômica e que possa retomar o crescimento, gerando mais postos de trabalho e distribuição de renda. Uma alternativa para sair dessa crise seria promover investimentos em infraestrutura, através das empresas públicas, para geração de empregos, mas, pelo contrário, o governo está entregando o nosso patrimônio”, afirma Paulo Barrocas, presidente do SEEB/VCR.