Antes mesmo de ser empossada para o novo mandato, a presidente Dilma Roussef já deu indícios de que voltará atrás em seu discurso de fortalecer os bancos públicos do país.
Na carta aberta entregue aos bancários, no dia 23 de outubro, poucos dias antes do 2º turno do pleito presidenciável, a candidata ressaltou, “que (os bancos públicos) são indispensáveis para a economia brasileira e um patrimônio da sociedade". E concluiu: "Juntos, bancos públicos, seus funcionários e o governo federal, fizemos muito, e faremos muito mais".
Depois de vencida as eleições, foi apresentado no último dia 21 um novo projeto do governo que promete abrir o capital da Caixa Econômica Federal, demonstrando que o compromisso da presidente Dilma e seu grupo político não será mantido. Na prática, significa dizer que o órgão terá ações que poderão ser negociadas na Bolsa de Valores e deixará de ser uma empresa 100% pública.
A Caixa, atualmente, se atenta aos setores de habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços à população, além de gerir o Programa de Integração Social (PIS) e o Seguro-Desemprego. A CEF se difere dos demais bancos, inclusive do Banco do Brasil, que já possui capital aberto, por suas ações voltadas exclusivamente ao desenvolvimento social e ao controle das atividades financeiras dos bancos no país.
Vale ressaltar que ampliou significativamente o número de agência no Brasil, hoje são 3.362, e o quadro de funcionários, atualmente com cerca de 100 mil empregados. O volume de ativos totais também cresceu e chegou a R$ 1.01 trilhão. De janeiro a setembro de 2014, o lucro líquido foi de R$ 5.3 bilhões e as transações somaram R$ 1,72 bilhão.
“Estamos em mais uma situação em que se comprova o ‘vale tudo’ para ganhar as eleições. Além das alianças com partidos e políticos corruptos, da perda de ideológicas e do esquecimento dos compromissos assumidos pelos candidatos, nós, eleitores, não temos mais nem tempo para assimilar as mentiras ditas durante as campanhas. A presidente Dilma Roussef, em menos de dois meses, já passou por cima do compromisso feito com os trabalhadores bancários, durante a desesperada luta pela reeleição, e quer vender a Caixa aos interesses do mercado”, enfatiza o diretor de Imprensa e Comunicação do SEEB/VCR, Alex Leite.
Os brasileiros, especialmente a categoria bancária, precisam se manter alerta quanto aos riscos dessa negociação do governo. Por cumprir um papel fundamental na administração de recursos públicos do trabalhador, é fundamental que a CEF continue sendo 100% pública.
O movimento sindical, que em sua maioria apoiou Dilma, precisa dar uma resposta urgente, mobilizando os trabalhadores para cobrar da presidente o compromisso assumido de fortalecimento dos bancos públicos.