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Sob Bolsonaro, inflação dos alimentos disparou, ao contrário do que diz boné de apoiadores

Na abertura dos trabalhos legislativos de 2025, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usavam boné com a frase “Comida barata novamente. Bolsonaro 2026”. No entanto, a inscrição nunca esteve tão longe da verdade. Sob Bolsonaro, a inflação dos alimentos disparou. No portal do ICL – ICL Notícias

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, de 2019 a 2022 a alta dos preços dos alimentos superou a média geral da inflação em 3 dos 4 anos e nunca ficou abaixo dos 6%. No último ano do governo dele, o indicador chegou a quase 12%.

Os apoiadores do ex-presidente usavam o boné com o objetivo de jogar na conta do governo Lula (PT) a alta recente dos preços dos alimentos, que pesou na inflação de 2024. No entanto, a inflação dos alimentos recente está associada a questões climáticas e à disparada do dólar, que encarece insumos usados na agricultura. Ou seja, a culpa não é diretamente do governo.

Além disso, para conter a inflação dos alimentos, que pesa principalmente nos bolsos da população mais pobre, medidas para evitar aumento nos preços da comida virou o grande foco do governo Lula 3 em 2025. Desde janeiro, o presidente realizou reuniões ministeriais sobre o assunto. A ideia é fazer força-tarefa com vários ministérios com medidas nesse sentido.

Para contrapor os opositores, aliados do presidente Lula usaram um boné azul com os dizeres “O Brasil é dos brasileiros”.

“Guerra dos bonés”
O uso do adereço teria sido ideia do novo ministro da Secretaria de Comunicação, o marqueteiro Sidônio Palmeira.

Após bolsonaristas terem ido ao plenário da Câmara com o boné relativo aos alimentos, o novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), também foi às redes sociais dizer que, para ele, boné serve para proteger a cabeça do sol, não para resolver os problemas do País.

IPCA e INPC
Dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do Brasil, e do INPC (o primeiro indicador abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos; o segundo, de 1 a 5 mínimos) mostram que o grupo de Alimentos e Bebidas registrou inflação acima de 6% em 2019, enquanto os índices gerais não ultrapassaram 4,5%.

Inflação dos alimentos superou 14% em 2020
A inflação de alimentos superou 14% em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19 e início das políticas de isolamento social. O indicador foi puxado, principalmente, pelas altas de arroz, óleo de soja e batata.

Foi nessa ocasião, que Bolsonaro saiu com a pérola dizendo para os brasileiros pararem de comer arroz, cereal que é parte essencial da dieta do brasileiro.

Na ocasião, o ex-presidente nada fez para solucionar o problema, enquanto o governo Lula 3 adotou como uma das primeiras medidas de governo retomar os estoques de alimentos por meio da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), com o objetivo de regular os preços.

Obviamente, essa medida foi prejudicada no ano passado pela safra afetada pelas más condições do clima.

Quando, em 2022, o Ministério da Saúde declarou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, a inflação de alimentos e bebidas terminou o ano em quase 12% nos 2 indicadores, contra 6% da inflação geral.

Desafios de Lula
Em 2023, os preços das carnes registraram queda de janeiro a setembro, mas voltaram a subir a partir de setembro daquele ano.

No primeiro ano do governo Lula 3, a inflação dos alimentos medida pelo IPCA e INPC ficaram em, respectivamente, 1,03% e 0,33%, abaixo dos indicadores gerais da inflação – 3,71% o INPC e 4,62% o IPCA.

No segundo ano do mandato do petista, a inflação dos alimentos superou o primeiro ano de Bolsonaro, que já registrava alta expressiva. O IPCA registrou 7,69% contra 6,37% de 2019. Por sua vez, o INPC ficou em 7,6% contra 6,84% do primeiro ano da gestão Bolsonaro.

No ano passado, os preços dos alimentos voltaram a subir fortemente, em especial carnes, café e leite longa vida, o que acaba ofuscando a queda histórica do desemprego e aumento da renda.

Carne
Em relação à carne, outro item que pesou no bolso do brasileiro, a proteína acumulou alta de 15,43% nos últimos 12 meses até dezembro, conforme dados do IPCA. Os preços da carne voltaram a subir em setembro passado.

Entre os fatores apontados por especialistas, estão:

Ciclo pecuário: após 2 anos de muitos abates, a oferta de bois vai começar a diminuir no campo;

Clima: seca e queimadas prejudicaram a formação de pastos, principal alimento do boi;

Exportações: Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e vem batendo recordes de vendas; e

Renda: queda do desemprego e valorização do salário mínimo estimularam compras de carnes.

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