De "fôlego novo" após as denúncias que, na avaliação das entidades, enfraqueceram o governo e causaram baixas na base aliada, as centrais sindicais esperam mobilizar ao menos 80 mil pessoas na próxima quarta-feira (24), em Brasília, em marcha unificada contra as reformas. Mesmo que os relatores tenham anunciado asuspensão do andamento das reformas da Previdência e trabalhista, sindicalistas querem pressionar o Congresso por uma nova agenda. Em reunião na tarde de hoje (19), na sede da CTB, em São Paulo, eles discutiram também a participação nos atos de domingo (21) pelo país, contra o governo e por eleições diretas.
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, o momento é favorável às centrais e à mobilização, após um período adverso. "Enfrentamos uma ofensiva conservadora feroz, uma correlação de forças difícil", afirma, apontando um "cerco imposto pelo governo". As denúncias veiculadas nesta semana envolvendo o presidente Michel Temer, deram "um fôlego" aos movimentos sociais. "Com o agravamento da crise, essa marcha passa a ser decisiva."
O clima político ainda inspira "visões diferentes" entre os representantes das centrais, observou Adilson. A CTB é uma das que defende a via eleitoral. "No quadro de ingovernabilidade, não há outra saída a não ser eleições diretas." Ainda que com algumas diferenças, a "resistência democrática" é o que reúne as entidades "no propósito de buscar uma saída para a nação".
"É extremamente saudável que o campo democrático-popular assuma a construção de uma frente ampla, para um novo projeto de desenvolvimento, capaz de trazer crescimento com geração de emprego e renda. Sem isso, o país sucumbe", analisa o presidente da CTB. "O país está ingovernável. O caminho está dado, não podemos ficar parados na estação."
Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e do sindicato da categoria em São Paulo, Miguel Torres, um dos vices da Força, disse que a preocupação é garantir uma solução política "dentro da legalidade", com a avaliação de que Temer não reúne mais condições de governar.
Ele acredita que é preciso retomar as negociações sobre um projeto para o país em outras bases, sem as reformas apresentadas pelo governo – ao contrário do que pretende o chamado mercado financeiro. "O mercado quer uma solução rápida (para a crise) para retomar as reformas."
A Força, assim como as demais centrais, participará das manifestações deste domingo contra o governo e por eleições diretas. Miguel anunciou que os metalúrgicos de São Paulo, além da marcha, farão um acampamento em Brasília a partir da quarta-feira. A concentração das centrais sindicais na capital federal está marcada para as 11h, na área do estádio Mané Garrincha.
Fonte: Rede Brasil Atual