A taxa de analfabetismo no país permaneceu estagnada. Entre 2016 e 2017 houve uma queda de apenas 0,2% no número de brasileiros que não sabem ler, a taxa foi de 7,2% para 7% em um ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta sexta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Mesmo com os avanços dos últimos anos na área da educação, o Brasil continua distante de atingir a meta oficial de erradicar o analfabetismo até 2024, como previsto no Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014.
Agora, com as políticas do governo Michel Temer, esse objetivo está ainda mais longínquo, é o que mostra os dados da Pnad divulgados pelo IBGE. A queda na taxa de analfabetismo foi irrisória, de 0,2%. O percentual de pessoas de 15 anos ou mais que não sabia ler ou escrever ao final de 2017 era de 7%, contra taxa de 7,2% em 2016, de 11,76 milhões analfabetos para 11,5 milhões.
Com isso, a taxa de analfabetismo para além de continuar estagnada, se mostra racial. Hoje, o percentual de analfabetos entre negros e pardos (9,3%) ainda é mais do que o dobro do de brancos (4%), segundo o IBGE.
A investigação por raça ou cor passou a ser feita pela primeira vez no ano passado e expôs em dados a realidade de que os brancos têm mais acesso à educação no país do que negros.
Na questão de gênero, a pesquisa mostrou que a queda do analfabetismo entre homens foi maior entre os homens do que entre as mulheres, de 7,4% para 7,1% e de 7% para 6,8%, respectivamente.
Para a analista do IBGE, Marina Aguas, os dados mostram que o país tem avançado em termos educacionais, mas persistem algumas desigualdades, principalmente do ponto de vista regional. Enquanto o Sudeste e o Sul têm a menor taxa de analfabetismo, de 3,5%, o indicador no Nordeste supera em mais de quatro vezes, em 14,5% em 2017. Não houve variação expressiva entre os anos.
Perfil
Segundo o estudo, o analfabetismo tem um perfil predominante: são pessoas de 60 anos ou mais de idade da região Nordeste. Esse dado é explicado pelo déficit histórico de acesso à educação verificado especialmente no meio rural do país. Dos 11,5 milhões de analfabetos, 6,4 milhões estão no Nordeste. Destes, 3 milhões tem 60 anos ou mais.
De acordo com a técnica do IBGE, as pessoas mais novas tendem a ser escolarizadas, enquanto as pessoas mais velhas têm maior probabilidade de serem analfabetas. Além disso, o acesso à educação foi diferente entre as regiões ao longo da história. Assim, Norte e Nordeste têm taxas maiores de analfabetismo.
Aumenta percentual de jovens que não estudavam e nem trabalhavam
O percentual de jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos que não trabalhava e não estudavam no ano passado cresceu 1,2 ponto percentual, passando de 21,8% para 23%. Segundo a pesquisa do IBGE, no ano passado, em um universo de 48,5 milhões de jovens nesta faixa etária, 11,16 milhões estavam nesta condição (de não trabalhar e nem estudar), contra 10,54 milhões existentes em 2016.
Esta trajetória de crescimento da chamada “geração nem-nem”, segundo o IBGE, “pode estar relacionada ao momento econômico vivido pelo país”. Na análise segundo o sexo e a cor ou raça, 17,4% dos homens e 28,7% das mulheres de 15 a 29 anos de idade não estavam ocupadas, nem estudando ou se qualificando. Entre as pessoas de cor branca, essa proporção foi 18,7% e entre as de cor preta ou parda saltou para 25,9%.
Fonte: Portal Vermelho