Diante do maior escândalo desde sua fundação, em 1953, e de uma queda significativa no valor do petróleo no mercado internacional, seis altos executivos da Petrobras deixaram seus cargos na semana passada, inclusive o da presidência, ocupado por Graça Foster. Surpreendida pelo anúncio, a presidente Dilma Rousseff precisou montar uma nova equipe para dirigir a estatal.
Aldemir Bendine, que estava no comando do Banco do Brasil desde 2009 por indicação de Lula, foi apresentado, na sexta-feira (06), como o sucessor de Foster. Em sua gestão, as finanças do BB prosperaram. A carteira de crédito do Banco do Brasil quase duplicou: saiu de R$ 300 bilhões em 2009 para R$ 520 bilhões ao fim de 2012, e o total de ativos subiu de R$ 700 bilhões para mais de R$ 1 trilhão. Bendine mostrou que é bom em aumentar as rendas de uma empresa, custe o que custar, inclusive a saúde de milhares de bancários adoecidos pela cobrança da instituição.
Contudo, além da imagem da empresa, o atual presidente da Petrobras precisará se firmar diante de um passado tumultuado por muitas polêmicas. No período em que esteve à frente do Banco do Brasil se envolveu num suspeito empréstimo de R$ 2,7 milhões feito pelo BB à amiga Val Marchiori, numa multa de R$ 122 mil da Receita Federal por sonegação e, agora, saindo com uma “aposentadoria cheia”, com benefícios como férias e vale-alimentação agregados, chegando ao valor de R$ 62,4 mil.
“O mercado está deliberadamente contra Bendine porque ele não é a escolha do mercado, só não entendo a razão, já que ele praticamente triplicou os ativos do BB em cinco anos. Estamos tendo a oportunidade, não só de punir a todos os culpados pela corrupção na Petrobras – do governo FHC ao de Dilma, mas, de melhorar a governança da empresa e, a meu ver, o mais importante: fazer a reforma política, principalmente com o fim do financiamento privado de campanha”, avalia o diretor do SEEB/VCR Sócrathis Aguiar.