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Audiência pública na Câmara: denúncias apontam precarização e privatização velada na Caixa

Na Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados, representantes dos empregados e dos concursados de 2014 pedem atenção à situação e fiscalização dos parlamentares

A situação dos aprovados no concurso de 2014 da Caixa Econômica Federal, a insuficiência no quadro de trabalhadores, a política de desmonte e privatização do Banco e o impacto no atendimento à pessoa idosa nas agências foram discutidos, na manhã desta quinta-feira (13/5), na Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados, a pedido do deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

Em suas apresentações, on-line, representantes dos empregados e dos concursados de 2014 expuseram o quadro atual da precarização no número de empregados e as dificuldades no atendimento nas agências, frente ao volume de pessoas e demandas, principalmente após a pandemia.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a diretora executiva da Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro e Coordenadora Executiva de Empregados da Caixa (CEE/Caixa), Fabiana Uehara Proscholdt, o secretário executivo da Secretaria de Relações Sindicais e Sociais do Sindicato de Bancários de São Paulo, Dionísio Siqueira, pediram atenção dos parlamentares para os problemas e para a omissões governamental no sentido de cuidar da Caixa de modo que ele atenda no seu real papel de banco público e gerador de desenvolvimento no país. Os representantes de comissão de aprovados no concurso de 2014 pedem urgência nas contratações na Caixa e observância ao edital.

O deputado federal Alexandre Padilha explicou que a Comissão tem especial interesse no bom atendimento à população idosa, assim como no bem-estar de toda a população brasileira. Ao ouvir os esclarecimentos da audiência pública, o deputado recomendou o acompanhamento e a fiscalização da situação denunciada.

Sergio Takemoto, presidente da Fenae, pontuou os diversos serviços e políticas públicas executadas pelo banco, o papel fundamental da Caixa para o desenvolvimento do Brasil e denunciou que a falta de pessoal na prestação de atendimento nas agências da Caixa tem a ver a política do governo para destruir o banco público para abrir oportunidades de lucro para os grandes bancos privados. “A Caixa não contrata para piorar a imagem da empresa pública, isso tem ganhado força. Não há política de retomada de crescimento. A única política é a de destruir as empresas públicas, assim como esse governo faz com a política de saúde. Qual a política pública para os idosos e para a população? O que vemos é o enfraquecimento do SUS e uma política de sucateamento das condições de trabalhos”, aponta.

Takemoto avalia que transcorre uma grande privatização das subsidiárias da Caixa, mas o governo não admite isso por saber que a população não quer a privatização, como mostram pesquisas. “Como o Supremo Tribunal Federal proíbe a privatização da empresa mãe, o governo vem criando subsidiárias da Caixa. Sem discussão no Congresso Nacional, as privatiza, como ocorreu com a Caixa Seguridade, tornando essas fontes de grande receita em direção para os grandes bancos privados, que têm interesse na área”. Nesse sentido, o presidente da Fenae, esclareceu que neste 2021, quando a Federação completa 50 anos, a grande luta será contra a privatização da Caixa, o que passa pela contratação de mais empregados. Nesse sentido, a Fenae pede ao Congresso Nacional que olhe com cuidado para a venda das subsidiárias da Caixa, sem a discussão com a população nem com o legislativo.

Fabiana Uehara Proscholdt observou que hoje a Caixa não consegue fazer um bom atendimento à população devido o número de empregados que diminui ano a ano. Como exemplo, Fabiana mostrou a redução no número de empregados da Caixa de 2020 para 2021, que foi de pelo menos 2 mil empregados. Queda que impactou no aumento de filas em todo o país, nos desgastes dos recursos humanos, que ficaram adoentados, na pressão para que os empregados foquem na venda de produtos em vez de atuar com mais atenção no atendimento aos clientes, principalmente aos idosos que precisam de atenção especial.

“Grande parte da população que vai nas agências é idosa. Eles vão precisando de maior proximidade, de uma conversa e atenção especial. Mas não estamos conseguimos prestar esse ótimo atendimento no banco do sonho do brasileiro. Na nossa luta, queremos garantir esse direito e dar condições aos empregados. Por isso precisamos de mais contratações. A Caixa não contrata mais para precarizar e privatizar o banco. É um absurdo dos absurdos. Precisamos de mais concursados na empresa e não de mais terceirizados. Em momentos de pandemia queremos dar melhor atendimento; a população precisam ser melhor acolhida. O serviço bancário é essencial, por isso, a nossa cobrança é por vacinação de modo a priorizar os bancários no PNI. Nossa luta vai continuar para que a Caixa continue sendo 100% pública, sendo agente de políticas públicas”.

Dionísio Reis disse aos representantes das comissões dos concursados que o Sindicato dos Bancários de Osasco e Regiões mantém-se junto na luta, em busca de solução para as contratações e com o objetivo da ter a Caixa mais forte e com capacidade de fomentar a economia, de investir no desenvolvimento do país e em servir à população com foco nos programas sociais. No entanto, a situação de crise e o descaso com as contratações não permitem os bons serviços como a população necessita. Ele destacou que o aumento de clientes na Caixa ocorre principalmente porque outros bancos não querem os clientes de baixa renda.

“Nesta crise, o número de clientes na Caixa só cresceu, pois atende na gestão de FGTS e no auxílio emergencial nas agências. Em contrapartida, o déficit de empregados é muito superior à demanda. Como se observa nas maiores capitais, como São Paulo, o atendimento preferencial aos idosos foi prejudicado porque não há como garantir prioridade com um só caixa atendendo. É quase impossível cumprir o Instituto do Idoso – do atendimento preferencial”, lamentou Dionísio.

Isabela Freitas Santana, presidente da Comissão Independente dos Aprovados na CEF 2014, contou que o concurso de 2014 foi o maior do Brasil e do mundo, provocou muitas expectativas nos aprovados, no entanto, ao longo desses seis anos o que mais ocorreu foram desligamentos de empregados, poucas contratações dos concursados e da Caixa ter recorrido à terceirização. “Mais de 20 mil saíram do banco, o que provocou longas filas e precarização no atendimento”. Isabela disse lamentar o fato da instituição realizar contratações descumprindo o edital, o que tem gerado mais de 7 mil ações judiciais e ações civis públicas. “O banco contratou por meio de terceirização – para atender à expansão de agências em 2021 – cerca de 7.700. Porém, desse número, apenas 2 mil são de vagas para os aprovados em 2014. O sistema tem se mostrado insuficiente para o atendimento nas agências. O acréscimo de mão de obra qualificada é necessário, pois a demanda nas agências só aumenta”. Isabela pediu a ajuda da Comissão para que os parlamentares se atentem para as necessidades da Caixa: “É necessária a melhoria do atendimento, melhor eficácia às políticas públicas do governo e que reforcem o apoio às entidades para encontrarem uma solução e convocação de todos os concursados. Solicitamos que a Fenae recorra, com recurso e que a Caixa contrate – conforme o edital do concurso.”

Carina Bhering, membro da Comissão Independente dos Aprovados na CEF 2014, agradeceu a todos que tem ajudado na luta em defesa da Caixa e por mais contratações. Ela informou aos membros da Comissão do Idosos da Câmara que 1,03 % da população brasileira é idosa, porém os serviços nas agências não respondem à altura: “Mesmo os jovens sofremos com o atendimento na Caixa, que se encontra sem a mínima estrutura para atender, principalmente aqueles que precisam de atendimento mais cuidadoso como os idosos. O banco que se diz “Caixa o Banco do Aposentado”, mas não oferece condições de no acesso a essas tecnologias ou qualquer outra prioridade. O que assistimos são filas quilométricas, tanto para o atendimento emergencial, como para receber aposentadorias. Há um déficit de, ao menos 30 mil, empregados da Caixa. Essas vagas não foram repostas; são cada vez mais encolhidas”, disse Carina ao recordar que o número de concursados do cadastro reserva pode ser aproveitado para repor as vagas que se acumulam nas agências da Caixa no país.

Carlos Eduardo Benante Pereira, Superintendente Nacional de Suporte Operacional da Caixa Econômica Federal e Domício Tinoco Pinto Neto, Gerente Nacional de Recrutamento, Mobilidade e Quadro de Pessoas  representaram a Caixa na Comissão de Idosos. Em nome da empresa, Domício ressaltou os desafios do ano de 2020, citou os serviços do banco na execução de programas sociais, os cuidados com os seus empregados, aquisições de equipamentos de segurança à saúde e obediência às orientações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde.

O representante da Caixa falou também da inauguração de unidades e expansão no número de agências em todo o país e disse que, em 2021, que o banco deu início à contratação dos empregados concursados – no mês de março de 2021. Justificou que a partir da autorização do Ministério da Economia para reposição de vagas, o banco obteve para a reposição integral das 2.030 vagas. Domício contou que a Caixa segue convocando os aprovados nos termos da legislação e ordem de classificação – já convocou e seguirá com vistas no edital.

Fonte: Fenae

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