Por Sergio Takemoto*
A Caixa é um símbolo de resistência. Fundada em 1861 como Caixa Econômica da Corte, seus primeiros propósitos foi o incentivo à poupança. Escravizados viram no banco a oportunidade de poupar e enfim conseguir a alforria. É por isso, que desde o nascimento, as questões sociais são tão caras ao banco público.
Nos últimos anos, o papel social da Caixa foi desvirtuado. O estrago não foi maior graças a atuação da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), entidades representativas e trabalhadores.
Em 2022, a Caixa sofreu um dos piores episódios de sua história. Empregadas do banco denunciaram o então presidente Pedro Guimarães de assédio sexual. O escândalo mostrou a face da gestão pelo medo vivida pelos trabalhadores, já denunciada pela Fenae. Corajosas trabalhadoras revelaram atitudes repugnantes do ex-gestor e ouviram de Bolsonaro uma declaração repulsiva: “não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher”.
Nas eleições, o maior banco público da América Latina foi usado como palanque sem constrangimento. Em agosto, o governo lançou o Caixa pra Elas, com visitas de ministros em agências por todo país para a divulgação do programa.
Outra ação desastrosa foi a liberação do consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, com uma taxa de juros de 3,45%. Apenas 0,05 ponto percentual a menos que o teto definido pelo governo e maior que taxas cobradas em outros tipos de empréstimos.
O governo deliberadamente endividou os beneficiários. Uma verdadeira perversidade com a população, uma financeirização das políticas públicas. Mais um uso político descarado da Caixa por Bolsonaro e uma herança maldita que essa gestão deixou para 2023.
Agora é o momento de retomar a papel essencial dos empregados para o país. A Caixa social será mais forte com o reconhecimento dos trabalhadores e direitos mantidos.
A dedicação dos empregados da Caixa fez o auxílio emergencial chegar às mãos de quem mais precisou de recursos para enfrentar a pandemia. Mesmo sobrecarregados eles foram imprescindíveis para manter a instituição de pé.
Frente a tantos ataques, a Caixa sobrevive. Temos bons motivos para ver um grande futuro para o banco público. O governo Lula indicou para a presidência da estatal uma representante dos trabalhadores. Rita Serrano acompanhou de perto, como conselheira de Administração, a tentativa de desmonte da Caixa e como seu principal ativo, os trabalhadores, foi levado à exaustão.
Mais que o banco da matemática, a Caixa é um banco público, fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas sociais, excluídas por quatro anos do planejamento do país. Neste aniversário, nós empregados da Caixa queremos ser valorizados e retomar a posição tão importante conquistada pela Caixa, o de servir ao povo brasileiro.
*Sergio Takemoto é presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).
Publicado originalmente pela Carta Capital.