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Redução da Selic deve conter inadimplência, diz presidente do Bradesco

O início do ciclo de queda da taxa Selic pelo BC (Banco Central) na última quarta-feira (2) abre uma perspectiva positiva para o ciclo de crédito e da inadimplência para o segundo semestre e para 2024.

A avaliação é do presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior. “A redução da taxa de juros, apesar de ainda ser pequena em comparação à taxa total, já gera um novo ânimo no mercado e nos agentes econômicos”, afirmou o executivo nesta sexta-feira (4), durante conversa com jornalistas para comentar os resultados do banco no segundo trimestre do ano.

O presidente do Bradesco disse que as sinalizações do BC indicam cortes sequenciais de 0,50 ponto percentual na Selic nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), com economistas do mercado não descartando inclusive reduções em ritmo até mais agressivo. “O ciclo de redução dos juros está contratado”, afirmou Lazari.

Octavio de Lazari Junior, presidente do Bradesco, durante participação em evento da Febraban em São Paulo

Segundo ele, por causa de um cenário econômico mais benigno esperado à frente, no mês de julho já foi possível observar uma maior disposição por parte das empresas em tomar crédito.

“Nos pareceu ser correto e transparente fazer essa revisão, porque seria muito difícil atingir aquele intervalo entre 6,5% e 8,5%”, disse o executivo, acrescentando que a nova meta parece “bastante factível”.

O presidente do banco disse ainda que está no radar reduções dos juros cobrados dos clientes como reflexo da queda da Selic —logo após a decisão do BC de flexibilizar a política monetária, os bancos públicos BB e Caixa anunciaram reduções em determinadas linhas de crédito, enquanto os privados têm se mostrado mais cautelosos até aqui em diminuir as taxas cobradas.

“Estamos revisitando linha por linha as operações de crédito e certamente naquelas que a gente tiver oportunidade, até para fomentar o crescimento do crédito, vamos fazer sim” [reduções dos juros], afirmou Lazari.

Ele acrescentou que a inadimplência está “bem próxima” do pico ou até já atingiu o maior patamar do atual ciclo econômico, e que o próximo movimento esperado é o início de uma redução gradual dos índices de atraso.

O Bradesco reportou uma queda de 36% no lucro líquido do segundo trimestre, resultado que refletiu um aumento de quase 100% nas reservas que o banco precisa fazer para se precaver contra possíveis calotes.

Em relação ao programa Desenrola, o executivo afirmou que o banco promoveu cerca de 85 mil renegociações de dívidas em atraso, com a desnegativação de 580 mil CPFs. Por se tratarem de valores pequenos, contudo, Lazari afirmou que não espera impactos relevantes do programa para os próximos resultados trimestrais do Bradesco.

Já sobre as negociações entre os credores e a Americanas, o presidente do banco disse que a expectativa é que a varejista publique o balanço de resultados do primeiro trimestre em meados de setembro —a divulgação dos números é considerada um passo necessário para viabilizar a conclusão das tratativas entre as partes.

“Esperamos que, a partir do mês de setembro, a gente consiga ter uma evolução positiva [nas conversas] e chegue em um bom acordo para que possamos resolver a situação definitivamente.”

PARA LAZARI, REDUÇÃO DO ROTATIVO PASSA POR MUDANÇAS NO PARCELADO SEM JUROS

Durante a coletiva, o presidente do Bradesco abordou também as discussões entre bancos e governo que buscam viabilizar uma redução dos juros cobrados no rotativo do cartão de crédito.

Em entrevista na manhã desta quarta-feira (2) à EBC, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma solução para o rotativo sairá em 90 dias.

Haddad afirmou que o governo federal vai contratar com o sistema bancário uma transição para um sistema melhor do que o atual. “Teremos um freio”, disse o ministro.

Segundo Lazari, os juros do rotativo “é uma situação complexa, e, portanto, não tem uma solução simples”.

O executivo afirmou que os bancos seguem em discussões junto ao ministério da Fazenda e o BC em busca da melhor alternativa para reduzir os juros no rotativo do cartão de crédito, que foi de 437,3% ao ano em junho.

Ele afirmou que será preciso passar por um “processo evolutivo” para alcançar uma solução adequada, e indicou que o parcelado sem juros é uma prática que talvez tenha de ser revista.

O executivo disse que o parcelado sem juros representa aproximadamente 75% das compras com cartão no mercado, e que o risco de não pagamento dessas operações é assumido pelos bancos.

“Acredito que a gente vai encontrar uma boa alternativa. Não vai ser a alternativa ótima, mas vai ser uma boa alternativa para que a gente consiga reduzir esses juros do rotativo que tanto tem incomodado”, afirmou Lazari.

Fonte: Folha.

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