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Bradesco passa a valer mais que o Banco do Brasil na Bolsa após resultado positivo

Pela primeira vez em sete meses, o Banco do Brasil tem apresentado valor de mercado inferior ao do Bradesco. Segundo levantamento feito pela Coluna, o banco público valia R$ 144,8 bilhões na B3 com base em números desta quarta-feira, 21. Já o privado apresentava um valor de mercado de R$ 152,5 bilhões.

Os números refletem as interpretações opostas dos balanços dos dois bancos pelo mercado, que levaram a uma valorização da segunda maior instituição privada do País e a uma perda de valor do banco público.

Após o balanço do BB, o BTG Pactual reduziu de compra para neutra a recomendação para as ações do banco, e também cortou o preço-alvo de R$ 34 para R$ 30. O Citi, que já tinha recomendação neutra, reduziu o preço de R$ 30 para R$ 27. Os dois bancos cortaram a previsão para o lucro do BB neste ano ao incorporar os números e mensagens vistos na divulgação do primeiro trimestre.

BB colocou previsões sob revisão

“O que talvez seja o ponto de maior preocupação é a incerteza implícita a respeito de variáveis importantes, uma vez que a direção do banco decidiu revisar o guidance (previsão) para o status ‘sob revisão’ em margem financeira, custo de risco e lucro líquido”, disse a equipe do Citi, liderada pelo analista Gustavo Schroden.No caso do Bradesco, o movimento foi o oposto, com casas de mercado, como o Bank of America, elevando recomendações para compra. “O lucro líquido superou nossa estimativa em 8%, e levou a uma rentabilidade de 14,4% (1 ponto porcentual acima do esperado), dando evidências de que o plano de reestruturação, lançado um ano atrás, está tendo um impacto positivo (e estrutural) nas operações”, afirmaram os analistas liderados por Mario Pierry.

Os múltiplos de ambas as ações refletem a mudança de percepção do mercado. Os do Bradesco ultrapassaram a casa de 1 vez o valor patrimonial, após perderem essa marca em 2024. Os do BB, que estavam próximos a ela, caíram nos últimos dias. O indicador aponta a avaliação dos investidores sobre a capacidade dos balanços dos bancos de gerar resultados à frente.

Rentabilidade da instituição pública ainda é maior

A inversão do valor de mercado dos bancos não acompanha a rentabilidade. Mesmo com a queda observada no primeiro trimestre, o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do BB, de 16,7%, seguiu acima do custo de capital. O do Bradesco, que subiu para 14,4%, continuou abaixo.

O que pesa mais para os investidores são as expectativas para o restante do ano. O BB colocou sob revisão três das projeções para 2025, entre elas a de lucro, diante do impacto das novas regras contábeis do setor sobre os resultados. O novo arcabouço intensificou o aumento do custo de crédito da carteira do agronegócio, que tem forte peso para o banco.

“Não foi uma decisão fácil, mas acredito que seja a decisão mais coerente com o compromisso com a transparência que tenho adotado desde o começo da gestão”, disse a presidente do banco, Tarciana Medeiros, em teleconferência com o mercado sobre os resultados do primeiro trimestre.

Os executivos do BB sinalizaram que o segundo trimestre ainda deve ser difícil, mas que o ROE do banco não deve ter novas baixas acentuadas, ficando entre 17% e 18%. “Nós não vamos voltar àquele ROE de 12%, 13% que vimos lá atrás. O BB de hoje é completamente diferente daquele BB”, afirmou o vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores, Geovanne Tobias.

Norma do CMN teve impacto no balanço

Entre os quatro maiores bancos do País listados em Bolsa, o BB sofreu o maior impacto da implementação das regras da resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que alteraram a metodologia de contabilização de provisões contra a inadimplência. O modelo passou a ser o da perda esperada, em que os bancos fazem provisões mesmo antes de o crédito entrar em atraso, caso julguem que o risco de não receberem o dinheiro de volta aumentou.

As carteiras de crédito dos bancos são afetadas por indicadores como inflação, desemprego e juros. No caso do agro, os fatores mais importantes mudam, e variáveis como clima e preços das commodities ganham peso. Nos últimos dois anos, estes números foram desfavoráveis, o que ampliou o endividamento no campo e levou não apenas a calotes, mas a pedidos de recuperação judicial de produtores.

A mudança de norma aumenta a necessidade de provisões sob essas condições, e reduz a margem financeira do banco. “O segmento agro é muito particular, com muitos empréstimos renegociados, períodos maiores e pagamentos em uma única parcela”, afirmou o analista Eduardo Rosman, do BTG Pactual, em relatório. “Sob a velha regulação, os juros destes empréstimos continuariam sendo contabilizados, mas com a nova regulação, este não é mais o caso.”

O BB estima ter perdido R$ 1 bilhão em receitas com crédito no primeiro trimestre devido à mudança. O número se refere ao não reconhecimento de juros de empréstimos que foram classificados no estágio 3, o de menor qualidade. As novas regras levaram empréstimos do agro que estão com pagamentos em dia a este grupo, por causa das recuperações judiciais e das renegociações. De posse dessas informações, o banco afirmou que levará ao Banco Central uma proposta para que o crédito agro receba um tratamento diferenciado no futuro.

Fonte: Estadão

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